segunda-feira, 6 de maio de 2013

Dicas para pais XII


 Hiperatividade

Um vendedor de água, na Índia, tinha dois cântaros que carregava com uma vara sobre os ombros. Um deles era perfeito, sem qualquer falha, e guardava todas as gotas que o homem levava.
O outro tinha uma fenda, que largava água por todo o caminho.
Passados alguns anos, envergonhada pelo seu defeito, a vasilha imperfeita, interpelou o vendedor:
— Por que motivo me manténs, se verto toda a água pelo caminho?
— Olha para a estrada por onde passamos. Desde que te tenho que lanço sementes à terra e todos os anos tenho recolhido as mais belas flores da região, que vendo juntamente com a água. Sem ti não teria sido possível. A tua aparente limitação é uma das tuas maiores capacidades.

Adaptação de um conto de tradição hindu


3% a 5% das crianças em idade escolar no mundo inteiro lutam com problemas de falta de atenção, impulsividade e hiperatividade. Destas, 50% vão continuar a ter dificuldades na idade adulta. Descubra como lidar com estas adversidades e transformá-las em dons.

A Síndrome de Atenção e Hiperatividade

É uma perturbação do desenvolvimento de origem neuropsicológica que gera inatenção, hiperatividade e impulsividade. Esta alteração de comportamento deve ser entendida como um problema de saúde e não como uma questão disciplinar.

 Perguntas-chave que convém fazer para identificar um criança hiperativa

A criança é capaz de ouvir um relato ou uma história sem interromper?
Interrompe as refeições sem motivo aparente?
Muda constantemente de atividade, jogo, brincadeira?
Na ida ao supermercado pega em tudo?
Na escola, fala com os colegas quando não o deve fazer, perturbando o trabalho?


Indicadores

1.    Atenção
Estas crianças: distraem-se com facilidade; têm dificuldade em se concentrarem numa tarefa durante longos períodos de tempo.

2.    Impulsividade
Respondem sem refletir. Exigem a satisfação imediata da sua vontade.

3.    Hiperatividade
Manifestam dificuldade em manter a mesma posição.

4.    Obediência
Aceitam mal as indicações dos pais ou professores.

5.    Capacidades Sociais
Têm mais dificuldade em controlar a sua conduta quando estão com outras crianças do que quando estão sozinhas.

6.    Aprendizagem
Apresentam dificuldades. São lentas e brincalhonas.

7.    Afetividade

Mudam bruscamente de estado de espírito. Revelam imaturidade para a idade. Negam os seus erros ou culpam os outros. Exigem muita atenção. Carecem de auto-confiança.  



 QUESTÕES ESSENCIAIS SOBRE A HIPERATIVIDADE

Quais são as causas da hiperatividade?
As pesquisas revelam que o aparecimento dos sintomas de hiperatividade está ligado à genética.

A hiperatividade desaparece com a idade?
Não. O que pode acontecer é uma modificação dos sintomas, dependendo da evolução da criança, tanto nas partes física como psicológica, afetiva, pedagógica e social. A principal perturbação destas crianças é o défice de atenção e não o excesso de atividade motora. O último desaparece com o tempo, enquanto que o primeiro persiste na idade adulta.

A hiperatividade afeta igualmente rapazes e raparigas com a mesma frequência?
Não. A hiperatividade afeta dez vezes mais as pessoas do sexo masculino.

Que influência tem a hiperatividade no processo de ensino-aprendizagem?
A maioria de crianças hiperativas tem dificuldades na aprendizagem. Os seus problemas de atenção, inquietação e falta de reflexão levam, frequentemente, a um rendimento escolar insatisfatório.

É necessário procurar ajuda médica?
Se houver suspeitas de que a criança possa ser hiperativa, deve recorrer-se a um médico (pedopsiquiatra,pediatra ou neurologista) e a um psicopedagogo.
O tratamento é geralmente mais eficaz se for conduzido por uma equipa de profissionais, que trabalhem em conjunto. O médico fixará o diagnóstico e eventual prescrição farmacológica e o psicopedagogo valorizará o desenvolvimento intelectual, afetivo e social da criança, inserido no respetivo contexto familiar, escolar e social.

Conselhos fundamentais para a vida escolar e doméstica
Como pai ou mãe, poderá ajudar a criança a desenvolver as suas capacidades e a aumentar a sua autoestima. Seguem-se algumas dicas que o poderão auxiliar.

Preste atenção ao seu filho
Ouça-o, fale-lhe com paciência e carinho, explicando-lhe o seu problema e o modo como, juntos, poderão combatê-lo.

Aceite-o como ele é
Estes jovens têm um imenso potencial para crescer e para se desenvolverem.
Não estabeleça, contudo, metas desajustadas para as suas reais capacidades.

Crie um ambiente estruturado
Estas crianças necessitam de rotinas. Em casa, poderá manter-se um horário constante para as refeições, para o banho, para ver televisão, para dormir. Na escola, o professor poderá criar hábitos fixos, como a abertura da lição, escrita do sumário, correcção do TPC, etc.

Comunique-lhe, com antecedência, eventuais alterações no ambiente escolar ou doméstico
Avise o seu filho, com alguma antecedência, de algo diferente que possa acontecer: realização de um trabalho de projeto, ou de uma atividade ao ar livre, visita a um amigo ou familiar, etc.

Mantenha o contacto visual
A atenção destas crianças dispersa-se quando não conseguem olhar nos olhos do interlocutor. Em casa, os familiares poderão ter esse cuidado.

Na escola, o professor poderá organizar a turma em U, para que todos os colegas se possam ver melhor.

Alterne o trabalho sentado com atividades mais físicas
A criança hiperativa poderá fazer pequenos recados e realizar algumas tarefas domésticas, podendo assim despender alguma da sua energia.

Dê ordens simples e breves
É importante que as instruções sejam diretivas e concisas, evitando a dispersão da atenção. É fundamental atribuir uma tarefa de cada vez, estimulando a criança a acabar as
atividades que tem em mãos.

Elogie com frequência
É importante reforçar os comportamentos positivos da criança, por mais insignificantes que possam parecer, aumentando a sua confiança e autoestima.

Ajude a criança a organizar-se
Os pais deverão insistir para que o jovem mantenha a secretária e as suas coisas arrumadas, explicando-lhe que isso facilitará o seu trabalho.

Estabeleça um contrato com a criança
Ex.: Eu, João Maria Fernandes da Cruz, comprometo-me a estudar duas horas diárias, das 18h às 20h. Os meus pais comprometem-se, por seu lado, a deixar-me ver duas horas de televisão ao sábado de manhã.

José Matias Alves
Faculdade de Educação e Psicologia da UCP

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