Indisciplina
Trata um homem
como é e continuará a ser o que é. Trata um homem como pode e deve ser e
converter-se-á no que pode e deve ser.
Goethe
Um dos maiores problemas a afetar a vida familiar e a escolar é o
da indisciplina.
Na escola ou em casa surgem problemas a que o educador tem de
responder com firmeza e justiça. Alguns conselhos poderão ajudá-lo nessa
difícil tarefa.
A questão da
indisciplina é extremamente complexa e move inúmeros fatores. Pretende-se aqui,
somente, apresentar algumas sugestões, em jeito de conselho, que poderão ajudar na resolução de
eventuais situações-problema.
AS NORMAS EFECTIVAS
CONTRIBUEM PARA QUE A CRIANÇA SE SINTA SEGURA E CONFIANTE
É importante
construir, juntamente com criança, um conjunto de regras que possam nortear o
seu comportamento. Como é natural, a definição de normas deve adequar-se a
cada contexto específico e ser discutida com a criança.
Deverá ficar bem
claro, contudo, que alguns aspetos são negociáveis e que outros não o são, explicando-se
as devidas razões.
Como estabelecer um quadro de regras?
O educador e a(s) criança(s) constroem uma lista com a definição de
comportamentos adequados ou
desadequados em relação ao
contexto previsto – comportamento em
casa, visita a familiares, etc.
• Selecionam os que,
pela sua importância, obrigam à formulação de regra, sendo de clarificar os
casos em que esta tem de ser imposta.
• Formulam as normas
com clareza, para serem bem entendidas pelos mais novos, e de modo positivo,
chamando a atenção do jovem para o comportamento adequado.
Ex.: Devo respeitar a
minha vez de falar, em vez de Não devo interromper os outros.
• Escrevem uma lista
com as consequências relativas ao incumprimento das normas
definidas.
Conselhos
para a sua aplicação
i)
Evitar
um número exagerado de regras.
As normas não devem ser em demasia, caso contrário, o
aluno não as vai interiorizar e
respeitar.
ii)
Explicar
bem o que é pretendido. Muitas
vezes a criança falha porque não ouve, não percebe ou não fixa a ordem que lhe
foi dada. Assim, antes de exigir a execução de uma tarefa, deverá discriminar o
que é esperado do seu filho, indicar o tempo disponível para o efeito e
averiguar se este percebeu o que era pedido.
iii)
Ser
coerente e razoável na aplicação do castigo. Para que uma criança aprenda, é necessário que uma conduta
tenha sempre o mesmo tipo de consequência.
O
REFORÇO DAS CONDUTAS POSITIVAS
O reforço visa aumentar a
frequência dos comportamentos adequados, recompensando a criança por algo que
fez bem. Pode ser um elogio, um sinal de afeto e carinho, ou mesmo um pequeno
prémio.
Deve seguir-se imediatamente ao
comportamento pretendido.
Se não for assim, perderá o seu efeito e
será mais facilmente esquecido. Depois
de estar interiorizado o comportamento desejado, o reforço deverá ser intermitente.
O
CASTIGO
O castigo deverá decorrer do
incumprimento das regras previamente definidas. Se o seu filho não compreender
o que era esperado dele, o ato de castigar vai ser gratuito e prejudicial ao desenvolvimento.
Castigar pode consistir em
repreender o jovem ou privá-lo de algo de que ele gosta.
Alguns aspetos não poderão ser
contudo esquecidos, na altura em que é necessário mostrar-lhe que o
incumprimento de determinadas regras tem consequências negativas.
i)
Deve
surgir imediatamente após o ato cometido. Caso contrário, ele não
conseguirá relacionar a falta com a consequência do seu ato.
ii)
Deve
ser proporcional ao erro.
Os pais terão de reagir calmamente e não em função dos seus humores.
iii)
Deve
ser consistente. Não faz
sentido que a mesma infração resulte em castigos diferentes, porque, assim, o seu
filho não conseguirá interiorizar um padrão de comportamento.
José Matias Alves
(Professor da UCP)
Sem comentários:
Enviar um comentário