O
Stresse Associado à Escola
Era uma vez um rei que viu os seus campos serem saqueados
por um terrível exército. Percebeu então que tinha de proteger o castelo, o único
refúgio do seu povo. Toda a população estava aterrada mediante a perigosa
ameaça.
Na manhã em que se previa o ataque, o rei mandou abrir
todas as portas e janelas da fortaleza. Segundo a lenda, os soldados invasores
ficaram assustados com a calma daquele reino e, receosos, bateram em
retirada.
O
stresse resulta da alteração do nosso equilíbrio e da nossa capacidade de
adaptação provocada por uma determinada situação ou acontecimento. É uma emoção
negativa que poderá afetar também as crianças e os jovens, já que estes têm de
passar por diversas fases de desenvolvimento, que podem, por vezes, constituir
verdadeiros desafios.
A
escola tem-se tornado, ao longo dos anos, cada vez mais competitiva,
sobrecarregando a criança ou o jovem com a pressão dos resultados, com
responsabilidades e preocupações.
Daí
que, frequentemente, surjam nestas idades sentimentos de fracasso e de
ansiedade, que podem perturbar o equilíbrio emocional das crianças ou dos
jovens.
Entrada numa escola nova
Quer
a entrada para a escola, quer a mudança de um estabelecimento de ensino para
outro podem-se tornar situações de stresse para a criança ou jovem, que tem de
se adaptar a um novo grupo e desenvolver novas relações sociais. Nestas situações, eles
podem revelar um afastamento social pouco habitual, desânimo,
perda de motivação e de capacidade de concentração, mudança de humor e queixas
físicas, como dores de cabeça ou de estômago, falta de apetite, etc.
Conselhos
para os pais e a família ajudarem neste processo:
• Permita que o seu filho se
familiarize com a escola nova, visitando-a durante o verão.
• Crie expectativas positivas
em relação ao novo local de aprendizagem.
• Faça um acompanhamento
gradual do processo de mudança, estando inicialmente mais presente e dando,
progressivamente, tempo para que o seu filho se adapte ao novo contexto.
• Preste atenção, sobretudo nos
primeiros tempos, ao aparecimento de conflitos.
Stresse associado ao
insucesso escolar
Muitas
vezes, a ansiedade das crianças e dos jovens diz diretamente respeito ao seu
rendimento escolar.
O
modo como se enfrentam estas questões é fundamental para o seu desenvolvimento
pessoal. Lida melhor com as dificuldades quem atribui a si próprio as causas do
insucesso ou sucesso e sente que está em seu poder controlar esses fatores. Por
exemplo, se um
estudante
considerar que o seu mau resultado num exame se deveu à falta de estudo, está
em perfeitas condições para alterar a situação, dedicando- se mais ao trabalho,
na próxima situação de avaliação.
Já
o mesmo não se passa com quem se culpa por determinado fracasso, mas explica o
seu insucesso através de causas que não consegue controlar.
É
o caso dos alunos que afirmam que não são capazes porque não são
suficientemente inteligentes para resolver determinada questão. Nestas
situações, a criança ou o jovem
podem
desenvolver uma auto-imagem negativa, o que vai influenciar o modo como
encarará a vida e o futuro.
Estas
situações são mais graves nos alunos que estão muito dependentes da opinião que
os outros fazem de si e que têm como principal motivação escolar ter sucesso
para não ficarem mal diante dos seus colegas e família.
Em
algumas situações, o aluno pode mesmo pensar que nada do que possa fazer é
suficiente para inverter o insucesso, chegando a viver momentos de extrema
ansiedade e mesmo de depressão.
Há
ainda estudantes que atribuem os resultados a fatores externos, como a sorte ou
o azar. Apesar de esta situação não ser tão perigosa como a anterior, uma vez
que o aluno não põe em causa a sua própria eficácia, não promove a
possibilidade de auto-superação, nem aumenta a motivação e o grau de confiança
do jovem.
Conselhos e
estratégias ao alcance dos pais e educadores
• Ajude o seu filho ou educando
a atribuir o sucesso ou o insucesso a causas internas e controláveis.
Esforçaste-te e o teste correu-te bem, OU Só não conseguiste tirar uma nota
positiva, porque não dedicaste tempo suficiente ao estudo da matéria. Para a
próxima conseguirás passar, se te empenhares.
• Evite comentários negativos,
que levem a criança ou o jovem a achar que não consegue mudar o rumo dos
acontecimentos. Não adianta. Tu não consegues mesmo escrever um texto sozinho.
• Permita que o seu filho
perceba que errar é natural, de modo a evitar um perfeccionismo exagerado, que
poderá dar origem a um sentimento forte de frustração face ao insucesso.
• Adeqúe a dificuldade da
tarefa e o grau de exigência às capacidades da criança ou do jovem.
José Matias Alves
Faculdade de Educação e Psicologia da UCP
Faculdade de Educação e Psicologia da UCP
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