Durante esta semana decorreram as reuniões com os diretores das escolas que integram a rede TEIP. Foram momentos em que os diretores tiveram a oportunidade de partilhar a sua visão sobre a escola e o programa TEIP. Projetaram-se as primeiras estratégias de ação para este ano letivo.
sexta-feira, 28 de setembro de 2012
O perigo do relativismo
"O relativismo é uma atitude que alastra livremente, no âmbito das opiniões da pós-modernidade. É uma postura cómoda, face às interrogações que nos coloca a convivência com quem tem outra forma de ver a vida, É cómoda porque, por definição, não toma partido; ou melhor ainda, não toma o partido da confrontação de ideias e do debate público, porque assume como premissa inicial - normalmente de forma inconsciente - o princípio da incomensurabilidade das culturas, e aceita como irredutível o pluralismo das suas interpretações. Esta suposta isenção de juízo torna-a tremendamente atractiva, enquanto ideologia de recurso. Mas é exactamente nesta atracção que reside o seu maior perigo.
O perigo do relativismo está, pois, em dar cobertura ideológica a formas suaves de racismo sem raça, e a práticas geradoras de guetos ou hostis à convivência intercultural. O relativismo dá azo a um tipo de reconhecimento da diferença que, em vez de fomentar a interacção fundada na razão e a negociação com base em cenários que reduzam a exclusão, abre a porta à naturalização das diferenças culturais, à inferiorização e, em última análise à segregação. Leva a que nos entrincheiremos naquilo que consideramos próprio e promove uma solidariedade que se restringe àqueles que nos são culturalmente afins, e não uma solidariedade profunda, baseada no diálogo entre perspectivas alternativas. O problema da diversidade cultural não consiste, apenas, em explicá-la, mas também em geri-la, isto é, assumi-la num projecto integrador e em constante negociação. Mas o relativismo não oferece fundamento suficiente para tal. Coexistir não é conviver, e o relativismo apenas serve o primeiro, embora se apresente como uma saída para o segundo."
Eduardo Terrén (Universidade da Corunha) em "A Educação face aos desafios da pós-modernidade", conferência publicada em «O século da escola - Entre a utopia e a burocracia», Edições ASA, 2001, p. 29/30.
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