O desafio que abracei este ano letivo deu-me a
possibilidade de conhecer muitas outras escolas e realidades escolares para
além das escolas da rede Fénix.
Começo a conhecer um pouco melhor a realidade da rede das
escolas TEIP e questiono-me como podem estas posicionar-se nos melhores lugares
dos rankings. A priori, há condições internas mais favoráveis
para que estas escolas possam fazer a diferença: a progressiva construção de
uma comunidade de profissionais da educação; a existência de equipas
multiprofissionais; a disponibilização de recursos adicionais para elevar as
oportunidades de aprendizagem.
De facto, nestes estabelecimentos de ensino, professores,
diretores, técnicos e demais atores lutam todos os dias por incluir de forma
efetiva – o que passa obrigatoriamente por gerar mais e melhor aprendizagem - e
combater o abandono escolar.
Manter os alunos ligados à escola é uma
condição essencial para elevar as oportunidades de realização pessoal e social
através do reforço do conhecimento e de uma socialização e estimulação ativas.
Bem sabemos que estes são desafios difíceis dada
a desafeição face à escola por parte de muitos alunos e face a
contextos familiares e sociais tendencialmente caóticos. No entanto, é sempre
possível fazer mais e melhor nestas escolas. E em muitas delas há evidências de
que é possível combater a fatalidade e o fatalismo.
Como? Convocando os alunos para experiências de aprendizagem
que têm mais sentido, implicando as famílias numa lógica de compromisso,
envolvendo os professores numa dinâmica de formação na ação, valorizando o
conhecimento, que é fator de identidade e de liberdade. Um compromisso que
exige, naturalmente, muito trabalho e dedicação.
Pensamos que há razões para que a comunidade que as
envolve reconheça e valorize estes esforços. Porque muitas destas escolas fazem
um esforço enorme para anualmente subirem alguns lugares na
"injustiça" dos rankings.
A Escola Pública pode ser um lugar de qualidade
independentemente do público alvo. Um lugar de justiça e de humanidade.
Aproveito a oportunidade para registar que algumas escolas TEIP têm bons
resultados e celebraram recentemente contratos de autonomia, fruto do trabalho que
têm desenvolvido.
Luísa Moreira