José Verdasca, Professor da Universidade de Évora, e consultor externo do Programa TEIP, elaborou uma reflexão na senda de "ações e práticas organizativas escolares de geometria variável, redesenhadas e monitorizadas em permanência, colocando o aluno no centro das conceções organizativas".
"O que pode cada escola fazer para melhorar a qualidade das aprendizagens e dos resultados escolares dos seus alunos e simultaneamente não perder nenhum aluno constitui o permanente desafio de cada comunidade escolar. Temos hoje a forte convicção que a construção pela escola dos processos de melhoria constante requer ações e práticas organizativas escolares de geometria variável, redesenhadas e monitorizadas em permanência, colocando o aluno no centro das conceções organizativas.
É no contexto das ações e das práticas escolares potenciadoras de processos de ensino que conduzem à melhoria das aprendizagens dos seus alunos e de uma comunidade escolar comprometida e vinculada com o princípio da qualidade educativa na universalidade, que a escola trilha os caminhos da melhoria escolar eficaz e da eficiência.
No essencial, estes processos de melhoria escolar eficaz requerem tempos de partilha e discussão aberta entre escolas para disseminação de conhecimento produzido contextualmente sobre (as suas) práticas de gestão curricular e diferenciação pedagógica, aprofundamento didático e metodológico, gestão dos grupos, organização do tempo, mapas de vidas, pedagogias preventivas, tutorias e trabalho cooperativo interpares, avaliação formativa da, para e como aprendizagem, monitorização e governação.
O processo de desarrumação e (re)arrumação escolar baseia-se em novas conceções organizativas e tem implicações diretas e imediatas nas condições escolares de ensino e aprendizagem, nomeadamente, no plano da diferenciação pedagógica e no apoio direto e individualizado a alunos, de acordo com as suas necessidades e capacidades, por forma a desenvolver em cada um hábitos e métodos de trabalho apropriados, bem como uma maior autoestima escolar.
A ‘tecnologia intensiva’ representa muito provavelmente a resposta organizacional a um conjunto de diferentes contingências e passa a depender da natureza e da variedade do problema a enfrentar, a qual nem sempre pode ser antecipada e corretamente conhecida. Não que ela se sobreponha a outros domínios bem centrais como os da didática, da avaliação (formativa) ou da relação pedagógica, mas porque potencia o desenvolvimento daquelas em condições mais à medida das necessidades sinalizadas. Neste tipo de tecnologia, em que a coordenação se tende a processar por ajustamento mútuo, estabelece-se uma interdependência recíproca e a incerteza acaba por residir no próprio problema, dada a flexibilidade da resposta. Por exemplo: cada geração de alunos que inicia um ciclo de estudos não tem necessariamente de ser decomposta em unidades de grupo-turma de imutabilidade definitiva, por mais argumentos que se possam invocar. E muito menos permanecer sujeitos a ‘terapias pedagógicas’ idênticas como se fossem um só (aluno). É nesta possibilidade de organizar à medida e de agir preventivamente relativamente a cada aluno que residirá uma boa parte do processo da melhoria escolar. "(José Verdasca, Professor da Universidade de Évora)
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