"No ano lectivo de 2012/2013, a
equipa de educação do programa K’CIDADE (Fundação Aga Khan Portugal)
desenvolveu em dois agrupamentos de escolas junto dos quais assume a função de
perito externo, um projeto de investigação-ação a par de um programa de
formação que apostou na prática reflexiva e que envolveu simultaneamente
educadores de infância e professores de primeiro ciclo.
Num dos agrupamentos, constituíram-se
dois grupos de trabalho, um só com educadoras e outro só com professores,
enquanto no outro agrupamento, o grupo foi misto, tendo sido partilhadas as
atividades propostas.
O trabalho centrou-se no
desenvolvimento da linguagem escrita em crianças com idades compreendidas entre
os 5 e os 7 anos. No pré-escolar, deu-se particular atenção ao desenvolvimento
de competências preditoras da aprendizagem da linguagem escrita, como a
consciência fonológica, a descoberta da funcionalidade da linguagem escrita e a
evolução das escritas inventadas; sempre através de atividades lúdicas e
contextualizadas. A avaliação final revelou um impacte muito positivo que estas
atividades tiveram na evolução das conceptualizações da linguagem escrita das
crianças.
A par, realizou-se uma oficina de
formação que abordou estes mesmos tópicos. Ao longo da oficina, fez sentido
introduzir outros contributos importantes para a reflexão em torno de um meio
educativo mais eficaz e mais acolhedor, observando para esse fim, aspectos
ligados à diversidade linguística e cultural e explorando materiais cujas
representações diversificadas e elementos imaginativos possam contribuir para
valorizar a diversidade como riqueza em sala de aula. Estes contributos decorreram
da experiência acumulada do programa K’CIDADE noutras escolas, de intervenção
prioritária ou não, a partir de um projeto-piloto centrado sobre facilitadores
para a diversidade em contexto escolar.
No primeiro ciclo, o trabalho
focou-se na aprendizagem formal da linguagem escrita, dando continuidade aos
temas abordados no pré-escolar, e na diferenciação pedagógica necessária para
um trabalho bem-sucedido.
Quis-se, ainda, com estas ações,
promover uma maior e melhor articulação pedagógica entre educadores e
professores de 1.º ciclo. No grupo misto, a partilha de práticas e a
apresentação mútua de materiais gerou um melhor conhecimento das atividades que
se podem realizar no pré-escolar para a aprendizagem da linguagem escrita e da
forma como estas mesmas atividades podem ser continuadas no 1.º ano.
Particularmente significativo foi
a constatação de que, através dos portefólios que as crianças constituíram no
jardim-de-infância, podem ser elas a “acolher” o seu professor de 1º ano de
escolaridade, mostrando tudo o que já são capazes de fazer.
Aqui, novamente, foi claro como
uma boa articulação entre grupos é tão ou mais importante do que a articulação
horizontal que se instalou em muitos agrupamentos de escola, com o surgimento
dos departamentos dos grupos 100 e 110 para a coordenação entre estabelecimentos
do mesmo agrupamento, em detrimento da discussão pedagógica entre estes grupos
profissionais, às vezes residual, no seio do conselho pedagógico."
Pascal Paulus
Equipa peritos externos TEIP (Fundação Aga Khan Portugal)