E se tudo o que se sabe sobre a indisciplina estiver errado?
-Por Katherine
Reynolds Lewis | Julho 2015 Issue
Durante a primavera de 2013,
Leigh Robinson estava a almoçar, quando recebeu uma chamada do diretor da sua
escola. Will, um aluno do terceiro ano com um histórico de indisciplina em
sala de aula, estava descontrolado no parque infantil. Gritou e, tirando o
cinto, tentou bater em todos os colegas que o rodeavam. Robinson, que foi assessor de
educação, rapidamente se deslocou para o pátio da escola.
Será que era "aquele aluno?!"
Cada escola tem alguns casos assim...
Aquele aluno que está sempre a causar problemas...
Aquele aluno que não consegue ficar quieto no seu lugar...
Aquele aluno que tem acessos de raiva e
pode tornar a vida num inferno ao seu professor...
Aquele aluno que os colegas culpam
constantemente pelos problemas existentes...
Will sabia que ele era aquele aluno!
Desde o primeiro momento, este aluno, ansioso e defensivo, estava preparado para a confrontação com um colega ou professor.
A expressão "escola-prisão"
foi utilizada para descrever escolas públicas americanas que falhavam na
educação de crianças como Will. Um aluno do primeiro ano cujo comportamento
indisciplinado não é corrigido, pode tornar-se num aluno de 2ºciclo com várias
suspensões. Um aluno do 3ºciclo que é medicado pode resultar num caso de
abandono escolar, ou até mesmo num adolescente problemático.
Apesar da formação
que os professores hoje possuem para serem sensíveis ao "desenvolvimento
sócio-emocional" e do empenho das escolas em integrar nas salas de aula os alunos com
problemas cognitivos ou de desenvolvimento, é difícil manter
na aula um aluno indisciplinado.
Professores e diretores ainda dependem
esmagadoramente de sistemas desatualizados de recompensa / punição, usando
tudo, desde cartões vermelhos-amarelos-verdes, gráficos de comportamento e prémios
para a ausência de suspensões / expulsões.
A forma como lidamos com as
crianças mais difíceis permanece enraizada na filosofia de BF Skinner (meados
do séc. XX), onde o comportamento humano é determinado por consequências e onde o mau
comportamento deve ser punido. (Tal como Pavlov e os cães).
Durante o ano letivo 2011/12, o
Departamento de Educação dos Estados Unidos contabilizou 130.000 expulsões e
cerca de 7 milhões de suspensões entre 49 milhões de estudantes com idades
inferiores a 12 anos. As estimativas mais recentes sugerem também que existem
250 mil casos de castigos corporais por ano nas escolas dos Estados Unidos.
Mas consequências têm
consequências...
Estudos psicológicos contemporâneos sugerem que, longe de
resolver os problemas de comportamento das crianças, estes métodos
disciplinares normais, muitas vezes, agravam-nos. Estes métodos, embora tragam um ganho momentâneo a curto prazo na sala de aula, sacrificam
objetivos a longo prazo.
O psicólogo Ed Deci da University
of Rochester, descobriu que os professores que visam controlar o
comportamento
dos alunos, ao invés de ajudar a controlar esse mesmo
comportamento, minam os
próprios elementos que são essenciais para a motivação: autonomia, respeito e
capacidade de se relacionar com os outros. Estes alunos revelam posteriormente
maior dificuldade de autocontrolo, uma competência essencial para o sucesso a
longo prazo.
Da Universidade de Stanford, a psicóloga
do desenvolvimento social Carol Dweck, demonstrou que, mesmo as recompensas por bom comportamento, podem corroer a motivação e o desempenho das crianças, substituindo assim as recompensas intrínsecas à aprendizagem.
Pode aceder ao artigo completo através do link:
What If Everything You Knew About Disciplining Kids Was Wrong?